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2013-11-11 11:45

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Tornado em Montemor-o-Novo : 27 setembro 2013

No final do mês, em Portugal Continental, o estado do tempo foi influenciado por uma depressão que inicialmente estava centrada a norte do arquipélago dos Açores e que posteriormente se centrou próximo da Península Ibérica, mais concretamente, a oeste da Galiza. Durante esse período, a passagem de uma superfície frontal fria e posteriormente de uma frente oclusa com a presença de uma massa de ar equatorial modificada, provocaram a ocorrência de aguaceiros, por vezes fortes, acompanhados de trovoadas nas regiões Norte e Centro, e com o vento a soprar moderado de sudoeste, por vezes forte no litoral a sul do cabo Raso.

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Fig.1 – Análise de superfície das 00 UTC dos dias 27 e 28 de setembro de 2013 (cartas do UK Met Office)

O território do continente, às 1200 UTC encontrava-se sob a ação de uma massa de ar equatorial modificado, com um ΘSW entre os 16°C e 20°C (zona limitada pelas linhas a violeta na figura 2.a)), e com valores de energia disponível para convecção (CAPE) superiores a 200 J/kg (ver zonas delimitadas pelas linhas amarelas na figura 2.b)).

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Fig. 2.a)                                                                                           Fig. 2.b)

Fig. 2.a) Carta de ΘSW (°C) aos 850 hPa para o run das 1200 UTC H+00, de dia 27 de setembro de 2013, do ECMWF; Fig. 2.b) Imagem do Meteosat Second Generation (MSG) no canal IR10.8, de dia 27 de setembro de 2013 às 1200UTC, com os campos da pressão (hPa) à superfície e os valores de CAPE (JKg-1) (ePort, EUMeTrain)

O escoamento era forte aos vários níveis, verificando-se uma rotação horária do vento em altitude. Neste contexto e, agregando os parâmetros mencionados anteriormente, existiam condições para a formação de convecção organizada.

Pelas 12h17 UTC, as observações com o radar Doppler de Coruche/Cruz do Leão (C/CL) identificam a presença de duas supercélulas (SC) a sudoeste de Montemor-o-Novo. São visíveis tanto no campo da reflectividade (ver fig.3), como no campo da velocidade

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Fig. 3 – Imagem de PPI(Z) (indicador de posição plana da refletividade), em dBZ, com elevação de 1.5°, do radar C/CL

Doppler (ver fig.4).

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Fig. 4 – Imagem de PPI(V) (indicador de posição plana da velocidade Doppler), em ms-1, do radar C/CL

Pelas 12:37 UTC, a circulação mesociclónica das duas SC observada num PPI(V) a cerca de 1700 m de altitude, aparece identificada pelos circulos sobrepostos a vermelho, que denotam o seu sentido ciclónico, ou seja, os pixeis a amarelo/laranja identificam movimento de afastamento do radar (C/CL) – de noroeste para sudeste – enquanto os pixeis a verde (claro e escuro) identificam movimento em aproximação ao radar – de sudeste para noroeste. A tracejado, aparece identificado o rasto com danos observados na cidade de Montemor-o-Novo, orientado de sudoeste para nordeste.

Uma análise mais detalhada das observações efetuadas com radar Doppler, permitiu concluir que a SC identificada por SC1 (ver fig.3) seguiu um trajeto concordante com o da destruição ocorrida nos diversos locais.

A natureza dos danos que foi possível apurar por via documental (fotos, relatos) e testemunhal, sugere ter-se tratado de um tornado de reduzida intensidade, provavelmente um F0/T1 (rajada 3s, na gama 90-119 km/h) ou, quando muito, um F1/T2 (rajada 3s, na gama 119-151 km/h). Recorda-se que F designa a escala de Fujita clássica e T a escala de TORRO (TORnado and storm Research Organisation).