Situação de temperatura muito elevada na ilha da Madeira em Dezembro de 2018

No final de Novembro instalou-se um anticiclone sobre o Arquipélago do Açores que se estendeu em crista para a Península Ibérica (figura 1).

Este anticiclone esteve estacionário até perto de 10 de dezembro e ainda intensificou (terá começado com perto de 1024 hPa e terá atingido 1036 hPa), estabelecendo uma situação de bloqueio ao deslocamento de depressões para latitudes mais a sul.

Este padrão de circulação, praticamente estacionário, permitiu que o arquipélago da Madeira fosse afetado por uma massa de ar mais quente com trajeto do quadrante leste. Nos níveis médios, o anticiclone manteve a sua posição favorecendo a subsidência (movimentos descendentes do ar) de larga escala que permitiu o aquecimento do ar naqueles níveis.

Para além disso, a ausência de nebulosidade, em particular no dia 5 (figura 2), contribuiu ainda para que a radiação solar aquecesse a camada de ar junto à superfície.

Por fim, a subida de temperatura no Funchal resultou ainda da contribuição do efeito de Foehn. Este é um fenómeno meteorológico da escala local resultante da perturbação do escoamento atmosférico por um obstáculo, normalmente uma montanha.

A estação meteorológica Funchal/Observatório, localizada nas vertentes sul da ilha da Madeira, registou variações significativas nos parâmetros temperatura, humidade relativa e vento que são consistentes com o efeito de Foehn. Nos gráficos seguintes, todos referentes aquela estação, apresentam-se a título meramente exemplificativo dados que mostram essas variações.

Posteriormente verificou-se que no Funchal no dia 5 de Dezembro, a temperatura máxima registada foi 26,9°C, e no dia 7 a temperatura máxima foi 27,1°C e o valor de temperatura mínima registada foi 21,7°C. Estes valores, de acordo com as normais 1971-2000 para o Funchal, são muito superiores à média da temperatura máxima (20.4°C) e à média da temperatura mínima (14.5°C).